sexta-feira, 1 de julho de 2016

Colocação pronominal; Sintaxe

Leia com atenção.
[...]
Aos quinze anos Licurgo Cambará era já um homem. Usava faca na cava do colete, fumava, fazia a barba e já tinha conhecido mulher. Estudava história e linguagem com o doutor Nepomuceno. Aritmética e geografia com o vigário e ciências com o doutor Winter. O resto – que para ele era o principal – aprendia com a própria vida, com a peonada do Angico e principalmente com o velho Fandango, o capataz. O Português que o doutor Nepomuceno lhe ensinava era um idioma estranho que muito pouco tinha a ver com a língua que se falava no galpão e na cozinha da estância. Fandango achava que o conhecimento de aritmética não fazia nenhuma falta às pessoas. Tinha uma teoria própria para as quatro operações. “O homem trabalhador”, dizia ele, piscando o olho, “soma”; o preguiçoso diminui; o sábio multiplica e só o bobo divide.” (...)
...
História? Fandango sabia as melhores histórias do mundo: casos de assombração, lutas de família, guerras, duelos, lendas... Com dezesseis anos, vira sua primeira guerra, e por isso que costumava dizer: “Des que me conheço por gente ando brigando com esses castelhanos.”
Os livros de história falavam em generais, governadores, lugares, datas e coisas difíceis de entender. Curgo achava mais fácil acreditar nos “causos” de Fandango, que se referiam a gente e lugares conhecidos ali da província.
...
O dr. Winter era diferente. Nunca ficava parado dentro de casa com o aluno. Levava-o a passear pelo campo, explicava-lhe que a terra era redonda como uma laranja e achatada nos polos.
Apontava à noite para as estrelas e dizia-lhes os nomes e as distâncias que se encontravam da Terra. E, quando dava lições de botânica, era mostrando flores de verdade e não apenas as gravuras de livros. Tinha uma magnífica lente de cabo de madrepérola com a qual fazia o aluno examinar flores e folhas, talos de relva ou gomos de laranjas e bergamotas. De que são feitas as nuvens? Por que é que quando a gente solta um livro que tem na mão o livro cai? Como é que a água se transforma em gelo? Por que é que  existem o dia, a noite e as estações do ano? O dr. Winter explicava todas essas coisas a Licurgo, que as achava fantásticas, impossíveis – “invenções do estrangeiro pra fazer a gente de bobo.” Sempre que ia ao Angico, o rapaz pedia a opinião do capataz sobre os ensinamentos do alemão.
-Patacoadas! – exclamava Fandango, - Patacoadas! Estrangeiro é bicho besta. Esses negócios que aparecem nos livros são bobagens! Não hai nada como a experiência do indivíduo!
...
Ele sabia ver o cheiro de chuva no cheiro do vento ou no jeito das nuvens. Havia um certo lado do céu – o poente- que ele chamava de “, chovedor” pois quando as nuvens preteavam para aquelas bandas, era chuva na certa.
...
Em suas muitas andanças guerreiras pela Banda Oriental, e principalmente depois de uma famosa viagem que fizera a Concepcion do Paraguai- aonde fora levar uma tropa de mulas-, fandango incorporara a seu vocabulário vários termos castelhanos.. Nunca dizia homem, mas sim hombre, em vez de chapéu usava sombrero, e empregava com frequência palavras como: despacito, calavera, muchacho, temprano...
...
-Como é que tu sabes essas coisas? Admirava-se Curgo.
O outro respondia:
-Sou índio velho mui vivido.
[...]
Erico Veríssimo: O tempo e o vento I – O Continente, volume 2, Capítulo 4- A guerra.

1)Analise:
I.O sujeito dos verbos “usava- linha 1”, “estudava, linha 2”, “aprendia, linha 3” “achava, linha 6” e “tinha, linha 6 ” é determinado: Licurgo Cambará.
II. Na linha 2, a expressão “história e linguagem” exerce a função sintática de objeto direto.
III. Na linha 2, o adjunto adverbial “com o doutor Nepomuceno” exprime a circunstância de companhia.
IV. Na linha 1, o adjunto adverbial “já” expressa circunstância de tempo.
V. “que para ele é o principal”, linha 3, é aposto de “Licurgo”, linha 1.
Está certo o que se afirma em:


a) todas as alternativas.
b) II, III e IV.
c) II, III, IV e V.
d) I, II, III e V.
e) I, II, III e IV.



2)Na linha 9, a expressão “as melhores histórias do mundo” exerce a mesma função sintática que :


a) casos de assombração, linha 9.
b) sua primeira guerra, linha 10.
c) com esses castelhanos, linha 11.
d) em generais, linha 12.
e) nos “causos” de Fandango, linha 13.



3)Analise:
I.Na linha 4, o pronome oblíquo “lhe” exerce a função sintática de objeto direto do verbo “ensinava”.
II. Na linha 7, o pronome pessoal do caso reto é elemento de coesão referindo-se a “Fandango”.
III. Na linha 8 há um adjunto adverbial de exclusão que pode ser substituído sem alteração de sentido por “apenas”.
IV. Os verbos “soma” e “diminui”, na linha 7, “multiplica” e “divide”, na linha 8, classificam-se, quanto à transitividade, em intransitivos.
V. Na linha 13, a expressão “que se referiam a gente e lugares conhecidos ali da província” exerce a função sintática de aposto enumerativo.


Estão certas as assertivas:

a) I, II e IV.
b) I, II, III e IV.
c)I, II, III e IV.
d)II, III e IV. 
e)I, II, III,  IV e V


4. Analise:
I. “Diferente”, linha 14, exerce a função sintática de predicativo do sujeito.
II. Na linha 14, o pronome oblíquo “o” refere-se a “aluno”, linha 14, e exerce a função sintática de objeto direto.
III. Na linha 15, o pronome oblíquo “lhe” retoma “aluno”, linha 14, e exerce a função sintática de “objeto indireto”
IV. O verbo “explicava”, linha 15 classifica-se, quanto à transitividade, em direto e indireto.
V. “À noite” e “para as estrelas”, linha 16, exercem a função sintática de adjuntos adverbiais expressando, respectivamente, as circunstâncias de tempo e lugar.
A alternativa que contém apenas afirmações verdadeiras é:

a) I, II, III, IV e V.
b) I, II, III e V.
c) I, II, III e IV.
d) I, II, IV e V.
e ) I, III, IV e V.




5)Analise:
I.Na linha 21, o pronome oblíquo “as” retoma o substantivo “coisas” e exerce a função sintática de objeto direto.
II. Na linha 31, o pronome reflexivo “se” exerce a função sintática de objeto direto.
III. “uma magnífica lente de cabo de madrepérola” linhas 17-18, exerce, no período, a mesma função sintática que “gomos de laranja e bergamotas”, linhas 18-19.
IV. O pronome oblíquo “lhes”, linha 16, exerce a função sintática de adjunto adnominal.
V. “fantásticas, impossíveis”, linha 21, desempenham no trecho a função sintática de predicativo do objeto.
VI. Na linha 22, as expressões “do capataz” e “do alemão” exercem a mesma função sintática: complemento nominal.


Está correto o que se afirmou em:

a) II, III e VI apenas.
b) III e IV apenas.
c) IV, V e VI apenas.
d) I, II, III, IV e V apenas.
e) todas as afirmativas.



Texto para as questões 6, 7 e 8.




VERISSIMO. L.F. As cobras em: Se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997.

Foto: Reprodução/ ENEM

6. Na frase “Vamos massacrá-los!” o pronome oblíquo em destaque exerce a função sintática de objeto direto.            (Verdadeiro)                (Falso)


 7. Na frase: “Vamos arrasar eles.” há inadequação na colocação pronominal, ocorrência típica da linguagem oral. A opção correta de reescrita é:

(Vamos arrasá-los.)     (Vamos arrasar-lhes.)


8. (ENEM) O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma-padrão da língua, esse uso é inadequado, pois
a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.
c) gera inadequação na concordância com o verbo.
d) gera ambiguidade na leitura do texto.
e) apresenta dupla marcação de sujeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário